Quais os problemas do Inatismo e do Empirismo

O raciocínio humano e sua inteligência, é um assunto que vem sendo discutido há séculos por importantes filósofos da história, onde todos tentaram chegar a um consenso sobre a origem dos princípios racionais. Toda essa discussão teve início por Aristóteles e Platão, tendo suas teses  e outras demais debatidas posteriormente por seus discípulos.

Os dois grandes e primordiais conceitos descritos por esses filósofos foram o inatismo e o empirismo, bases que provocaram grandes indagações nas mais diversificadas áreas de conhecimento humano, que ascenderam a dúvida de muitas perguntas, como: De onde nasce as potencialidades e dons do homem?, Como ele as desenvolve?, entre tantas outras.

Inatismo

O grande percursor dessa tese foi Platão (427-347 a.C.), o mesmo defendia que os indivíduos nasciam com saberes e sua inteligência adormecida, que necessitavam de métodos organizacionais para que os conhecimentos se tornassem verdadeiros. Nesse caso, o professor ou educador, exercia a função apenas de auxiliar o aluno a acessar suas próprias informações.

Quais os problemas do Inatismo e do Empirismo
Representação do cérebro humano.
(Foto: Reprodução)

Através desse dado, podemos concluir que o filósofo afirmava que o conhecimento mental de um ser humano não era adquirido ou aprendido, mas sim nascido com o próprio indivíduo.

Essa teoria, se fez presente também nos tempos modernos, com relevância entre os racionalistas dos séculos XVII e XVIII, como Leibniz, Descartes e Espinoza.

Empirismo

Aristóteles (384-322 a.C.), o grande percursor do empirismo, apresentou uma tese completamente diferente da que Platão abordava. Ele afirmava que o conhecimento está na realidade exterior, sendo absorvido pelos sentidos humanos, onde o professor se faz como o grande detentor do saber, fazendo com que o aprendizado só possa ser obtido através da cópia e memorização.

Com isso, Aristóteles fundamentava que é com as experiências e conhecimentos adquiridos em vida que a personalidade era formada, sendo ela resultado da prática, ou seja, quando esse processo de estudo se tornava um hábito.

Outros importantes filósofos que apoiavam esse conceito eram John Locke, Tomás de Aquino, Francis Bacon, Thomas Hobbes, George Berkeley, David Hume e John Stuart Mill.

Problemas do Inatismo e do Empirismo

Os grandes problemas criados pelas divergências de ambas teorias levaram a crer que a razão enfrenta sérias adversidades quanto à sua intenção de ser conhecimento universal e necessário dentro da realidade, dando oportunidades para o aparecimento filosófico ceticista, que proporcionava dúvidas de que o conhecimento racional inquestionável e verdadeiro fosse possível.

A resolução do desacordo desses conceitos aconteceu em dois momentos, sendo eles:

Primeiro momento

  • Anterior à filosofia de David Hume e encontra-se na filosofia de Leibniz.

A solução de Leibniz, aconteceu no século XVII, onde ele estabeleceu uma distinção entre:

• Verdades de razão –  Mostra que algo ou alguma coisa é necessária de maneira universal, não podendo de modo algum ser diferente do que é e de como é, se caracterizando como uma verdade inata. Um dos maiores exemplos dessa análise, são as ideias matemáticas.

• Verdades de fato – São descritas de forma completamente opostas das verdades de razão, isso porque afirmam a total dependência da experiência, da sensação, memória e percepção, sendo caracterizada como uma verdade empirista.

Segundo momento

  • Posterior à filosofia de David Hume e encontra-se na filosofia de Kant.

A resolução kantiana aconteceu no século XVIII, tendo como seu ideal principal a “Revolução Copernicana”, isso porque teve bases nas observações astronômicas, onde a antiga tradição medieval ditava que a Terra era o centro do mundo, tendo um sistema geocêntrico, conceituação foi completamente anulada devido as seguintes afirmações:

  • O mundo não é finito, mas é um Universo infinito;
  • Os astros não estão presos em esferas, mas fazem um movimento (como demonstrará Kepler, depois de Copérnico), cuja forma é a de uma elipse;
  • O centro do Universo não é a Terra;
  • O Sol não é um planeta, mas uma estrela, e a Terra, como os outros planetas, gira ao redor dele;
  • O próprio Sol também se move, mas não em volta da Terra que participa do sistema heliocêntrico;

Com isso, Kant afirmava que todos os filósofos agiam como astrônomos geocêntricos, isso porque procuravam incessantemente um centro que não era verdadeiro. Os principais enganos relatados sobre tais teorias do raciocínio humano foram:

• Inatista: Dizer que os conteúdos ou a matéria do conhecimento são inatos.

• Empirista: Supor que a estrutura da razão é adquirida por experiência ou causada pela experiência, isso porque ela não é causada pelas ideias, mas pela ocasião que a razão recebe o conteúdo ou a matéria, conseguindo assim reformular as ideais.

Um erro ambíguo nesse processo era supor que a razão humana alcança a realidade em si.

Resposta de Hegel

  • Posterior a filosofia de Kant e encontra-se na filosofia de Hegel.

No século XIX, em resposta aos dados estabelecidos por Leibniz e Kant, Hegel proporcionou uma solução para o problema do inatismo e do empirismo, onde criticou ambas teorias e também o kantismo. Todas as críticas foram voltadas para os 3 conceitos, onde afirmava que a razão é histórica e por isso ela não está na história, pois ela é a história.

A exposição dessa ideia, criticou toda a filosofia anterior existente, onde Hegel dizia que “A mudança, a transformação da razão e de seus conteúdos é obra racional da própria razão. A razão não é uma vítima do tempo, que lhe roubaria a verdade, a universalidade, a necessidade.”

Por causa dessa resposta, várias teses empiristas e inatistas foram modificadas, sendo outras reformuladas.

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