Um texto que contemple em poucas linhas toda história do Brasil seria algo definitivamente impossível, isso é trabalho para muitas obras, livros e vidas e mesmo assim ainda não poderíamos falar que o assunto estaria encerrado. Por isso, desde já salientamos que nosso artigo não tem a pretensão de dar conta de toda história, apenas faremos um resumo geral, destacando o que a grosso modo julgamos importante, para o fluxo do nosso discurso sobre Brasil. Assim trata-se de um suscito texto manualesco, que serpenteia apenas pela superfície da história.
Descobrimento do Brasil
Em 22 de Abril de 1500 a esquadra portuguesa comanda por Pedro Álvares Cabral, avista as terras que posteriormente receberiam o nome de Brasil, o discurso mais disseminado entre os historiadores argumenta que o desejo de Cabral era encontrar uma rota auxiliar para as Índias donde vinha as especiarias tão valoradas na Europa ou o impulsionante das viagens era a tentativa de encontrar novos territórios.
Antes da chegada do branco algumas etnias indígenas definiam o território brasileiro pela palavra tupi-guarani “Pindorama” que significa terra das palmeiras. Já os dominadores nomearam as novas terras primeiramente de Terra de Vera Cruz, posteriormente Terra de Santa Cruz e finalmente Brasil, uma alusão a árvore de pau-brasil, que era abundante na mata Atlântica, matéria prima para tinturaria, muito valorizada no Velho Continente, cuja exploração foi a principal fonte econômica no período pré-colonial ( 1500-1530)
Período Colonial (1530- 1822)
Pensando em proteger as costas brasílicas dos dos contrabandistas franceses e também encontrar uma alternativa econômica ao comercio de especiarias, D’ João III, rei de Portugal organizou uma expedição colonizadora ao Brasil, essa era chefiada por Martim Afonso de Souza e contou com 400 homens. Em 1534 foi implantado o sistema de capitanias hereditárias, onde as terras eram divididas entre donatários particulares sendo estas transferidas hereditariamente. Das 14 capitanias apenas duas obtiveram sucesso, São Vicente, pertencente a Martim Afonso e Pernambuco, chefiada por Duarte Coelho. Isso se deu graças a implantação da cana-de-açúcar que se tornou a força motriz da economia colonial, está se sustentava pela tríade monocultura, latifúndios e escravidão. Ao lado do açúcar destacou-se também a pecuária, principalmente no sertão nordestino onde o solo e clima não dava condições para o cultivo da cana.
No século XVIII descobriu-se a existência de metais e pedras preciosas no Brasil o que reverberou no chamado Ciclo do Ouro, nesse momento começou a haver um processo de ocupação do interior da colônia, além de um vertiginoso crescimento populacional. No âmbito social o ouro trouxe modificações sociais importantes, criando classes intermediarias e rompendo com a lógica dos engenhos.
Na política o Brasil recebeu um sistema pronto importado de Portugal, uma política burocratizada e barroca, totalmente controlada pela metrópole através do pacto colonial. A igreja também assume papel importante no período colonial, ela tinha a incumbência da catequização dos indígenas, funções de ensino entre outras atividades. Depois do fracasso das capitanias o governo lusitano criou uma nova forma de gerir os trabalhos na colônia, o Governo Geral implantado em 1548. A sede administrativa foi Salvador até meados de 1763 quando a capital foi transferida para o Rio de Janeiro. O sistema colônia perdurou até 1822 quando o Brasil conseguiu a independência.
Independência (1822 )
Em 1808 a Família real portuguesa se transfere para o Brasil em decorrência das investidas Napoleônicas, ao chegar na colônia D’ João (Príncipe regente que depois assume a coroa) promove uma série de mudanças, a principal delas foi o fim do Pacto Colonial e a abertura dos portos para as nações amigas, o que fez com que grande parcela da sociedade se tornasse simpatizantes do rei, os chamados Joaninos, que sonhavam com um reino intercontinental onde o Brasil fizesse parte. No entanto, com o retorno do D’João VI para Portugal, viu-se a intenção recolonizadora lusitana.
D’ Pedro príncipe regente que assumiu as rédeas do Brasil com o retorno do rei para o velho continente, acabou se aliando ao principal líder joanino, José Bonifácio. Depois de descumprir uma ordem direta da coroa que ordenava o retorno imediato do regente para o Portugal, momento que ficou eternizado como o Dia do Fico e em 7 de Setembro de 1822 lançou o grito de ” independência ou Morte”.
Brasil Monárquico ( 1822-1889)
Primeiro Reinado (1822-1831) após a independência D’ Pedro é denominado imperador do Brasil, inaugurando assim o Primeiro Reinado, período esse bastante conturbado tanto no panorama interno, onde foram fartas as pelejas pela aceitação, das quais podemos citar a Batalha do Jenipapo, Batalha do Pirajá, Guerra da Cisplatina, entre outras. A legitimação da independência também precisou se articular dentro das conjecturas internacionais, o reconhecimento esse que só veio em 1825 mediante a algumas imposições externas, entre elas a abolição gradual do tráfico negreiro. Em 1831 tem-se o fim do Primeiro Reinado, depois de um processo em que a imagem do monarca D’ Pedro I passa de herói da proclamação a antiliberal detestado, ele então renuncia a seu posto deixando o trono para seu filho Pedro de Alcântara, que tinha apenas 5 anos de idade, o que reverberou em um governo regencial.
Período Regencial (1831-1840): Segundo a legislação brasileira daquele momento, o para assumir o trono era necessário a maioridade, ou seja ter 18 anos completos, enquanto Pedro Alcântara não atingia a idade para tomar posse de sua coroa, uma comissão de regência era estabelecida para administrar o Brasil. Esse momento foi marcado por uma grande ebulição de revoltas e querelas, configurando uma grave crise política. Dentre as principais revoltas destacamos a Guerra dos Farrapos, a Sabinada, a Balaiada e a Cabanagem. Muitos compartilhavam da ideia de que o clima insegurança política era uma reflexo da falta de um monarca forte instituído de poder para assegurar a coesão social, por isso, em 1840 houve o chamado Golpe da Maioridade, que acabou com as regências e permitiu a subida ao poder de D’ Pedro II, esses com apenas 14 anos.
Segundo Reinado ( 1840- 1889): Tem inicio com o Golpe da Maioridade e finda-se com a Proclamação da República, nesse meio tempo devido a pressões externas a mão de obra escrava paulatinamente é posta de lado, substituída por imigrantes assalariados. Vários posicionamentos do imperador contribuíram para o seu desprestigio entre as elites religiosa, política e militar, o que confluiu para o golpe político fomento para a instauração da República.
Proclamação da República
Em 15 de Novembro de 1889 uma investida político-militar tendo como principal líder o marechal Deodoro da Fonseca derrubou o regime monárquico constitucional parlamentar e em seu lugar fez surgir uma nova organização estatal, a Republica Federativa Presidencialista do Brasil. Esse processo ruiu com a soberania do imperador D’ Pedro II.
Vários foram os fatores confluíram para o fim da monarquia, militares que participaram da peleja contra o Paraguai aspiravam ter uma maior representatividade dentro da estrutura política, entretanto não conseguiram tal visibilidade e começaram a tramar contra o Estado. O apoio da igreja D’Pedro II perdeu ao não permitir que dois lideres cléricos acatassem ordens diretas do Vaticano em punir católicos que membros da Maçonaria. A Elite agrária também estava bastante insatisfeita com a política abolicionista do império, estes não concordavam com a remuneração dos trabalhadores e desejavam o retorno da escravidão, o estopim da querela entre cafeicultores e imperador se deu com o legitimação da Lei Áurea promulgada pela princesa Isabel em 1888. Assim a tríade sustentadora do império se esfacelou reverberando na perda da majestade de D’ Pedro II.
República Velha (1889-1930)
O primeiro presidente a governar a República foi o Marechal Deodoro da Fonseca, após sua renuncia em 1891 assume a presidência o militar Floriano Peixoto, nesse mesmo ano é publicada a primeira constituição da república, nessa ficava estabelecido o voto aberto ( analfabetos e mulheres não podiam votar), sistema de governo presidencialista e a sustentação dos interesses da elite agrária.
Assim algumas características desse período foram, o poder econômico e político concentrado nas mãos das oligarquias paulistas e mineiras, o que ficou conhecido como política do Café-com-Leite; o coronelismo dos grandes latifundiários, que agiam como os donos do país para esses a barreira entre o público e o privado era inexistente, utilizavam todo tipo de desmando, como voto de cabresto, corrupção, para assegurar o ordenamento de poder no qual se privilegiava.
Quando o paulista Julio Prestes ganha as eleições presidenciais a Aliança Liberal formada pelos Estados Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba levanta a acusação de fraude nas eleições e desencadeia uma movimento militar que culminou no Golpe de 1930, onde o até então presidente Washington Luís é deposto e Prestes é impedido de assumir, ascende ao poder o gaúcho Getúlio Vargas, pondo ponto final a Republica Velha.
Era Vargas ( 1930-1945)
Getúlio Vargas governou o Brasil por quinze anos ininterruptamente, período que ficou conhecido pela alcunha Era Vargas. Podemos subdividir o governo getulista em três períodos: Governo Provisório ( 1930 – 1934), Governo Constitucional ( 1934-1937) e Estado Novo ( 1937- 1945).
* Governo Provisório: Getúlio tentou reorganizar o país, para isso exonerou governantes das unidades federativas ainda enraizados ao coronelismo e em seus lugares colocou tenentes de sua confiança, uma clara tentativa de centralizar o poder. A resposta dos latifundiários não tardou, eles se organizaram e em São Paulo aconteceu a Revolução Constitucionalista de 1932, mesmo perdendo no enfrentamento os manifestantes tiveram sua revindicação atendida e em a eleições para a constituinte foram iniciadas, em 1934 é protelada a nova Constituição.
* Governo Constitucional: No segundo mandado varguista cresciam no país duas frentes ideológicas, a AIB ( Ação Integralista Libertadora), que tinha como bandeira ideais fascistas, e a ANL ( Aliança Nacional Libertadora) com o discurso calcado no socialismo. Para se reeleger o presidente se aproximou da ANL, mas os poucos se dirigiu para a direita e depois da frustrada Intentona Comunista decretou Estado de Sítio no país,o que culminou na dissolução da constituição, iniciando assim o famigerado Estado Novo.
*Estado Novo: Em 1937 o Golpe Militar getulista é deflagrado, dando inicio a Ditadura. Esse regime foi marcado por grande censura aos canais midiáticos e a CLT ( Consolidação das Leis de Trabalho) que rompeu paradigmas no âmbito dos direitos trabalhistas. Com a entrada efetiva do Brasil na Segunda Grande Guerra, inicia-se também uma dualidade na postura política do Brasil, internamente vigorava um itinerário de ideias fascistas, em contraponto, o país apoiou o grupo dos Aliados. Sempre ouve desfavoráveis a ditadura, o Manifesto dos Mineiros e a Passeata do Silêncio foram as mais icônicas manifestações, que obrigaram forçaram Getúlio a convocar novas eleições,no entanto, um Golpe Militar tirou o do poder e o exilou em São Borja, sua cidade natal. Dá-se ai o fim da Era Vargas, mas não o de Getúlio, que votaria a presidência em 1951 ” nos braços do povo “. Saiba mais sobre a Era Vargas clicando aqui.
Brasil Democrático (1945-1964)
Em 1945 foram realizadas eleições para a presidência, cujo vencedor foi o General Eurico Gaspar Dutra, no ano seguinte foi fomentada a nova Constituição, que definia o a forma de governo como república federativa, mandato presidencial de cinco anos, eleições diretas, voto secreto direto sem acepção de gêneros ( apenas para alfabetizados) e a garantia da liberdade de expressão, locomoção e pensamento. Ao todo seis presidentes passaram pelo poder brasileiro durante a república, foram eles:
* Eurico Gaspar Dutra (1946- 1951)
* Getúlio Vargas ( 1951-1954)
* Café Filho ( 1954-1955)
* Juscelino Kubitschek ( 1955-1961)
* Jânio da Silva Quadros ( 1961)
* João Goulart (1961-1964)
Ditadura Militar (1964- 1985)
No dia 1 de Abril de 1964 é deposto através de Golpe Militar o então presidente João Goulart, conheça com mais detalhes a queda de Jango clicando aqui. Tem inicio um dos períodos mais a obscuros da política brasileira, o Regime Militar, marcado pela forte repressão a qualquer ato de contravenção, censura e inexistência de direitos democráticos. Os seguintes ditadores governaram o Brasil durante essa fase:
*Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco (1964-1967)
*Arthur da Costa e Silva (1967-1969)
*General Emílio Garrastazú Médice (1969-1974)
*General Ernesto Geisel (1974-1979)
*General João Batista Figueredo (1979-1985)
Quando Geisel ascende ao poder tem-se inicio a deterioração do estrutura militarista, há então um afrouxamento na mão de ferro, tendo com símbolo maior disso a dissolução do AI-5, o que seria parte do plano de ” distensão lenta, segura e gradual”. Figueredo assume em 1979 com a promessa de devolver a democracia ao país, em 1984 acontece o movimento Diretas Já onde o povo vai as ruas manifestar pela mudança. Em 1985 Tancredo Neves é eleito indiretamente, mas morre dias depois, assumindo o então Vice-presidente José Sarney, o que põe fim definitivo a ditadura.
Brasil até os dias atuais
* José Sarney ( 1985-1990): restabelecer as eleições diretas, Constituição de 1988 e Plano Cruzado.
* Fernando Collor de Mello ( 1990-1992): Congelamento de salários e preços, fim de benefícios fiscais, fechamento de alguns órgãos, bloqueio de depósitos bancários por 18 meses, Plano Collor e Impeachment.
* Itamar Franco (1992-1994): Cruzeiro Real e Plano FHC.
*Fernando Henrique Cardoso ( 1995- 2002): Plano Real, Implantação do Mercosul, aumento da divida externa, Lei da Responsabilidade Fiscal e Privatizações.
* Luiz Inácio Lula da Silva ( 2002- 2010): pagou a divida com o FMI, criação de programas de inclusão social, criação do PAC, reduziu a inflação e a deflagração do escândalo do mensalão.
* Dilma Rousseff (presidente atual): investimentos em programas sociais para erradicação da miséria, lançamento do Brasil Carinhoso, preparação do país para a Copa do Mundo, fomentando principalmente estádios e aeroportos, vinda a publico de uma série de escândalos envolvendo membros da conjuntura política e as manifestações em andamento codinome Primavera Brasileira, que já atinge patamares históricos, milhões de pessoas já sairão as ruas gritando palavras de ordem e mostrando a grande insatisfação com diversos parâmetros e posicionamentos da maquina administrativa do país.
As manifestações populares começaram devido a um aumento de 20 centavos nas passagens de ônibus, mas ganharam força envolvendo varias outras frentes de batalha como o repudio a corrupção, os gastos excessivos com as obras para a Copa em contraponto com a falta de estrutura da saúde e educação, a indignação com a aprovação na câmara do projeto Cura Gay e com a tramitação da Pec 37 são alguns dos pontos principais que reverberaram na mobilização de grandes contingentes populacionais.
É difícil definir os protestos com movimento homogêneo, isso porque até então ele não tem lideranças estabelecidas, são apartidários e compostos por integrantes de diferentes grupos sociais, sendo maior parte desses estudantes universitários. Os governo já atendeu a alguns pedidos dos cidadãos amotinados e a Dilma reuniu-se com os governantes das principais cidades do país para firmar um Pacto que prevê um plebiscito para possibilitar a reforma política, além de uma série de medidas na area da educação, saúde, mobilidade urbana e responsabilidade fiscal, uma tentativa de se mostrar proativa aos manifestos. No entanto, para alguns analistas quase “o tiro saiu pela culatra”, pois devido ao caráter emergencial das propostas a falta de consulta previa com as demais instâncias, acometeu em um certa desarmonia entre os poderes, muitos acusam a presidenta de tentar jogar a responsabilidade para as mãos do Congresso,que precisa votar sobre as proposições presidenciais.
Em quanto isso cada vez mais brasileiros vão as ruas e prometem findar os protestos somente após mudanças notórias e perenes. Embora ora se observe a ação repressiva e truculenta da polícia, ora alguns reacionários vandalizando e saqueando, o movimento como um todo tem o carácter pacífico, pois sua essência da-se no patriotismo e no sentimento ufano, não quer destruir e sim reformar o país.