zumbi dos palmares tinha escravos

Zumbi foi o último líder de Palmares, o maior quilombo do período colonial no Brasil. Ele é considerado o grande líder do movimento negro na história do Brasil, entretanto alguns fatos passam despercebidos quando estudamos a história sem procurar a fundo, um caso que ocorre com frequência nas escolas. Para compreender algo sobre o passado é preciso, primeiro, entender o contexto da época e saber analisar o pensamento daquela sociedade.

mitos sobre Zumbi
Zumbi dos Palmares
foto: reprodução

Zumbi apesar de ser considerado um líder antiescravista também tinha escravos, esse fato passa por despercebido à vista de todos. Entretanto, antes de sair julgando, é preciso entender o contexto da época, engana-se muito quem acha que negro é sinônimo de escravo, a sociedade no período colonial era escravista em todos os âmbitos, até para negros escravos existia a possibilidade de comprar escravos e isso ocorreu bastante, era muito comum ver um escravo que comprou a sua liberdade começar a comprar escravos.

Zumbi não era um líder democrático, ele sequestrava escravos para trabalharem como escravos nos quilombos, isso era visto como uma prática comum. As pessoas erram muito em acharem que os negros são um grupo homogêneo, os escravos vinham de muitas partes da África, cada um com uma cultura diferente  e muitas vezes uma tribo era inimiga da outra. Os escravos que fugiam do quilombo eram capturados e executados para servirem de exemplo.

A vontade predominante não era acabar com a escravidão, apenas com a de si próprio. A sociedade não era estagnada, essa é uma grande diferença na escravidão do Brasil, comparando-se com a dos Estados Unidos. Aqui o negro poderia ganhar posses, algo que não era possível nos Estados Unidos, mas o fato de Zumbi ter escravos não torna as suas ações menores, ele enfrentou por muito tempo a grande pressão militar que o Quilombo dos Palmares sofria.

Senhor de engenho e escravos

Casa grande

casa grande foi um dos grandes símbolos a partir século XVI, local onde os senhores de engenho moravam e aos seus arredores as senzalas onde ficavam os seus escravos, negros e mestiços que serviam a colônia e realizavam diversos serviços, tal como trabalhar nas lavouras e nas casas dos seus patrões.

Os escravos que trabalhavam dentro da casa grande, recebiam um tratamento diferenciado dos demais. Eram tratados de uma maneira mais agradável que os demais que ali habitavam. Alguns deles – e em algumas dessas casas – eram tratados como pessoas da família. Esses escravos eram chamados de ladinos, pois possuíam um bom dialeto português e diversas habilidades domésticas, sendo assim pessoas aculturadas.

Boçais

(Foto: Reprodução)
Escravos e seu Senhor de engenho (Foto: Reprodução)

Existiam ainda os ditos escravos boçais, aqueles ditos sem cultura, que possuíam mais força, recém chegados da África e que eram mandados direto para as lavouras; e os que eram nomeados em cargos “superiores”, tal como os ferreiros, os mestres de açúcar e alguns outros cargos escolhidos pelos senhores de engenho.

Crioulos

Todos os escravos que nasciam no Brasil eram chamados de crioulos. Os mais mulatos eram destinados para afazeres domésticos, de supervisão e até mesmo artesanais, já os que tinham a cor mais escura, eram os responsáveis por realizarem os trabalhos mais pesados.

Com o tempo e com a convivência muito próxima dos escravos com os senhores de engenho, alguns diretos foram concedidos, principalmente aos ladinos, tal como a liberdade de culto, a manutenção das famílias, a liberação para realizar plantações em um pedaço de terra de seu senhor, para depois realizar a venda do seu próprio produto, condições de melhor alimentação, entre outros.

Quilombo de Palmares

Como nem todos os escravos recebiam esses benefícios, no caso os boçais que realizavam o trabalho mais pesado e que não possuíam nenhum tipo de liberdade, criavam formas de resistência aos seus senhores, sendo a principal delas a criação de quilombos – local onde esses escravos fugiam e se abrigavam em comunidade. O Quilombo de Palmares foi o mais famoso deles, formado na Serra da Barriga – atualmente, Alagoas – logo no início do século XVII.

Houveram mais de 60 anos de resistência dos negros no Quilombo de Palmares, que conseguiu sobreviver a diversos ataques organizados pelos seus senhores, pelos holandeses e pela coroa.

Mesmo os senhores de engenho considerando que havia um gasto demasiado com escravos, eles não desejavam perdê-los, sendo isso por qualquer motivo ou razão, pois essa perda afetava suas atividades diretamente no engenho. Outra grande preocupação dos senhores, era manter sua família protegida desses escravos boçais e de qualquer ameaça que surgisse pela frente.

Dentre essa relação entre os senhores de engenho e os escravos, encontravam-se conflitos pela vontade de conquistas de ambos os grupos. De acordo com pesquisadores, era através dessa luta de conquistas que haviam certos momentos de harmonia entre essas classes.