Pré modernismo brasileiro: resumo,caracteristicas e contexto histórico

O pré modernismo não foi algo muito bem definido, visto que não deve um grande número de representantes e muito menos grande expressão por parte desses. Trata-se de uma fase transitória para o modernismo que viria depois.

Essa fase compreende um dos momentos temporais mais simbólicos da histórica brasileira, uma grande quantidade de movimentos reformadores em diversas localidades brasileiras estavam por acontecer, reativando as tensões políticas e idearias.

Também nesse mesmo momento, vivemos um crescimento econômico nunca antes visto, agora baseado mais na produção nacional de diversas matérias primas e alimentos para exportação.

Contexto Histórico

Como se trata de uma fase relativamente grande, o pré modernismo vem começar a surgir em meados de 1894, quando alguns conflitos internacionais (na Europa) começam a se articular e Brasil entre em uma nova fase da república com a posse do presidente civil Prudente de Morais que inicia a famosa política do Café com Leite.

Euclides da Cunha - Autor de Os Sertões
Euclides da Cunha – Autor de Os Sertões

Nesse momento, a economia do sudeste brasileiro cresce de forma estrondosa com as lavouras de café que se constituía produto de consumo e exportação, como também os surtos de urbanização principalmente em São Paulo e a vinda de imigrantes principalmente italianos para o país.

As regiões amazônicas experimento um crescimento econômico e populacional  nunca antes visto com os lucros baseados na extração do látex e a produção da borracha de melhor qualidade para exportação e construção de máquinas na Inglaterra, por exemplo.

A prosperidade do norte e do sudeste não esconde a dura realidade das condições do Nordeste do país, que com parte de sua economia abalada, experimenta uma parte difícil de sua história. Os movimentos sociais como a Revolta de Canudos, o tempo do cangaço e a figura de lampião, a doutrina do Padre Cícero, entre outras.

Até mesmo na região sudeste, os movimentos começam a se identificar na Revolta da Vacina, espécie de denúncia contra as condições de vida das pessoas, como também o movimento dos marinheiros conhecido como a Revolta da Chibata no Rio de Janeiro, como também os movimentos grevistas por melhores condições de trabalho em São Paulo.

Pré Modernismo

É nesse ambiente conturbado, de grandes surtos econômicos e complicações sociais ainda mais evidentes que as obras pré modernistas começam a ser publicadas. Como não se trata de um escola literária, o pré modernismo é uma espécie de movimento sincrético dos antigos Simbolismo, Parnasianismo, Naturalismo e Realismo.

O movimento tem uma característica inovadora já descendente de suas origens naturalistas e realistas. Os contextos históricos permitiram um apelo a denúncia social, a quebra dos ideários imaginados pelo romantismo, as não oficialidades das terras mais marginalizadas do país como o sertão nordestino, o sertanejo, e a articulação dos fatos político econômicos com a realidade brasileira mesmo na ficção.

Essas tendências sincréticas abriram espaço para grandes escritores como Euclides da Cunha, Lima Barreto, Graça Aranha, Simões Lopez, Monteiro Lobato e outros, produzem suas obras de denúncia e caracterização de alguns padrões brasileiros e regionalistas – como os preguiçosos do campo, o malandro, etc. A quebra com o passado retirou o excesso de formalidade da maioria dos textos, tornando-os mais duros e realistas em grande parte.

Essas tendências começam a se articular e se definir melhor quanto próximo a data de 1922, onde acontece em São Paulo a Semana de Arte Moderna, fato que acabou de definir de vez o modernismo que viria nas obras seguintes brasileiras.

Pré modernismo brasileiro caracteristicas

O que se conhece por pré modernismo no Brasil não adquire formas de uma escola literária propriamente dita, mesmo assim esse abrangente campo  de produções literárias era dotado de particularidades que o singularizava, nas primeiras década do século XX, quando se desenvolveu. Par conseguir caminhar com legitimidade por entre esse assunto precisamos entender o contexto de seu desenvolvimento e as imbricações desta para a literatura nacional.

Da virada século XIX ao século XX a Europa passava pela Primeira Grande Guerra, políticas imperialistas, no Brasil ainda regia a política do café com leite, marginalização dos negros, Batalha de Canudos, Cangaço, Ciclo da Borracha, Imigrações, todos esses fatores influenciaram de forma pujante as artes brasileiras. O pré modernismo em especial marcou a transição entre o naturalismo e o modernismo, embora as abordagens e temáticas eram bem diferentes em cada autor, romperam com muitos ideias precedentes, mas ainda eram relutantes quando a novas propostas estilísticas.

Sertões de Euclides da Cunh
“Os Sertões” de Euclides da Cunha fez muito mais que retratar os acontecimentos em Canudos.

As duas  características mais marcantes do pré-modernismo é o conservadorismo, que se explica pelo mantimento de autores naturalistas, parnasianos, simbolistas ou seja permanência de traços positivistas ainda com muita força. Já a renovação veio com um maior destaque para  a perspectivas nacionalistas  nos trabalhos artísticos, se destacando pela crítica regionalista, utilização da linguagem coloquial, analise dos contornos da sociedade, inerência com querelas sociais.

Principais Autores e Obras    

Euclides da Cunha: Em sua principal obra ” Sertões ” relata jornalisticamente os acontecimentos em Canudos, e a partir dai traça uma dura analise do Brasil, ora com o fim de denunciar a violência, ora indo mais afundo, e distinguindo a existência de um país moderno e outro primitivo, dentro de um mesmo território. É a linguagem que ele utiliza, bem rebuscada, difícil e poética que dá a obra créditos de literária.

Graça Aranha: escritor da obra “Canaã” inicia um debate entre caminhos da sociedade, a partir da dicotomia entre os protagonistas do Romance,  Milkau e Lentz dois imigrantes alemães, que discutia sobre o valor do dinheiro em detrimento do amor.

Lima Barreto: Com uma linguagem coloquial e enredos neo-realistas, enfatizava as classes mais pobres da sociedade carioca, muitas vezes em tom de denuncia. Suas criações de maior visibilidade foram O Triste Fim de Policarpo Quaresma, O Homem Que Sabia Javanês e  Recordações do Escrivão Isaías Caminha.

Augusto dos Anjos: Trazia muito do naturalismo e parnasianismo, muitas vezes utilizando termos científicos em seus escritos, apreciação dos fenômenos físicos e biológicos da morte, traços explicitados em sua obra ” Eu e as Poesias”.

Monteiro Lobato: construía suas narrativas esteado pelo modelos realistas, criação do caboclo do campo e descrição da descendência da cafeicultura, suas principais criações nessa temática são ” Urupês “, “Negrinha”  e ” Cidades Mortas “.